Qual é o limite da rebeldia digital no status do conhecimento humano em que a tecnologia se encontra?
A esperteza dos sistemas eletrônicos é capaz de criar o AMOR ARTIFICAL?
Estamos navegando em um turbulento mar de evoluções e revoluções dos costumes, afetos, das inteligências e da tecnologia.
“A evolução tecnológica e os avatares holográficos estão divertindo e assustando os tempos modernos com a mesma intensidade com que a eletricidade e Frankstein, o monstro criado por Mary Shelley no século XIX, encantaram e assombraram o mundo durante a revolução industrial.”;
...é o que diz o personagem Alejandro Puig, neurocientista, em uma live na última cena do livro O DJ : AMORES ELETRÔNICOS; uma história que desafia o tempo, a vida, a morte e por onde passam os principais temas que interessam aos jovens e adultos contemporâneos.
Tudo começa quando Lisa, habilidosa e possessiva cientista de dados, cria um experimento sensorial sinistro, um jogo de realidade virtual aumentada em forma de balada eletrônica, para tentar curar a dor com a morte do namorado e perde o controle sobre um dos avatares de sua criação.
Lisa dá forma a sua sinistra experiência com programas de computação de última geração e a alimenta com conteúdo digital de outros jovens que também morreram. São informações que capturou nas redes sociais a aplicativos de comunicação, assim como fez com os dados que usou para dar vida ao Jon holográfico.
A história se passa em dois planos: a balada virtual e o cotidiano ao redor de Lisa e de seu namorado Jon.
Na balada virtual misturam-se avatares com perfis de jovens de várias partes do mundo: modelo e feminista africana, pacifista chinês, artista plástica mexicana, engenheiro de dados indiano, playboy russo, investidor de mercado de ações inglês... jovens de todas as cores, várias profissões e orientações sexuais.
Na vida real, além de conturbadas histórias de amor, acompanhamos momentos de ações afirmativas das quatro protagonistas femininas que se rebelam contra qualquer tentativa de controle, preconceito, machismo, relacionamentos tóxicos abusivos e submissão a padrões obsoletos que tentam subestimá-las.
Jon era um jovem atleta exuberante, ético, generoso e que só queria ser feliz e deixar o mundo mais legal. Criado por duas mães, ele dava aulas de esporte para jovens em comunidades carentes sem muita perspectiva de futuro, com o objetivo de despertar neles esperança, autoconfiança e proatividade. Jon morre na porta de uma casa noturna onde haveria uma festa que ele não pôde desfrutar.
O ciúme e a possessividade de Lisa fazem Jon se abrir para um novo amor: Hannah, a cardiologista negra que o socorre depois de uma vertigem e que torna seus últimos dias de vida momentos de intensa felicidade.
Mig, o melhor amigo de Lisa, traz para a trama o brilho gliterizado que só gays empoderados têm coragem de espalhar e também um atrevido grito de guerra contra todas as formas de preconceito.
Na balada eletrônica, tudo parece ir bem, até que a experiência virtual faz nascer uma estranha conexão entre Amy (‘a’ avatar mais audaciosa e solitária da festa, que denunciou o pai, político corrupto) e a misteriosa e desencantada Mia, a garota que a escolheu para jogar.
Foi noticiado que Amy havia morrido em um acidente e por isso Lisa criou seu avatar. Mas, Amy não morreu. Entrou em coma e está apresentando estranhas reações no hospital depois que Mia acessou sensorialmente seu avatar na balada.
Foi Mia quem escolheu o avatar de Amy para jogar ou o contrário? Quem está no controle? Do que é capaz a ferocidade veloz da inteligência artificial, se ela usar seus algoritmos para o mal?
O livro é escrito em linguagem ágil e intrigante, usando diálogos e atraentes recursos gráficos como perfis eletrônicos, trocas de mensagens de texto e de voz, reportagens de jornais, vídeos das redes sociais, e, provavelmente, a primeira ‘live’ publicada em uma obra de ficção brasileira.
A trama se desenvolve refletindo de forma sensível sobre o universo jovem: conflitos geracionais e identitários, overdose de exposição, individualismo coletivo, vazio interior criado pela conexão excessiva com as redes sociais, o desencanto e frustrações causados pela falta de interação orgânica com os afetos e o mundo real, o exagero de consumo predatório atendendo a sedução das mídias eletrônicas que querem nos tornar consumidores antes de cidadãos.
O DJ : AMORES ELETRÔNICOS ironiza de forma crítica o modo humano e tecnológico de funcionar contrário à Liberdade, à Igualdade e à Pluralidade.
Toni Brandão
Toni Brandão é um escritor brasileiro, nascido em São Paulo em 1960. É formado em comunicação social pela ESPM. A maioria de seus livros e projetos são voltados para o público adolescente e jovem-adulto. Já recebeu diversos prêmios em sua carreira, entre eles o APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte. Tem livros lançados em diversos países, entre eles França, Bélgica, Suíça, Canadá e outros países de língua francesa.
Pela Global Editora tem publicado O garoto verde, Perdido na Amazônia I e II e O DJ: Amores eletrônicos, entre outros títulos.
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