Bartolomeu Campos de Queirós contempla uma árvore. Desta contemplação/comunhão entre o narrador e sua árvore, emergem reflexões e interrogações sobre si mesmo, a vida, o tempo, a natureza, as mudanças. Seus devaneios misturam-se às flores, aos galhos, às raízes, às borboletas, às cigarras, aos grilos, às lagartas… Uma narrativa poética em primeira pessoa para o leitor questionar-se e pensar sobre os mistérios da natureza.
O livro Formiga amiga é um convite à fantasia, à diversão e ao encantamento. Dulce, a personagem central, é uma doce formiga. Não é muito difícil encontrar formigas andando dentro de casa. Nos quintais e nos jardins, fazendo trilhas e carregando pequenas folhas para dentro do formigueiro. É bem conhecido também que formigas amam açúcar. Quem nunca encontrou uma ou mais formiguinhas dentro de um açucareiro? Isso costuma ser um incômodo, mas, neste livro, o narrador parece não se incomodar se ela resolve dormir no açucareiro, fazendo do açúcar seu travesseiro.
Esta versão ilustrada encanta os leitores com seu estilo leve e delicadamente brincalhão. Uma viagem de avião, do lado de fora, as nuvens, a paisagem montanhosa, os ventos que fazem o avião pular; do lado de dentro, uma menina que não vê anjos nas nuvens, mas que quer ser aeromoça e já sabe ver as horas; passageiros assustados com o movimento da poltrona; um comissário de bordo que entende de anjos. Delicada e poética, essa crônica descreve o encantamento da criança pelas coisas simples da vida.
Em O menino que quase virou cachorro, encontramos as reflexões do personagem Miguel sobre como é tratado por sua família, que às vezes, sem perceber, lhe dá pouca atenção e o faz sentir como um cachorro recebendo ordens. Trata-se de um livro ilustrado que transmite importantes mensagens sem deixar de ser divertido.
Delicado e sensível, O rio encanta, envolve e convida à fantasia e à imaginação, como é característico na prosa poética de Bartolomeu Campos de Queirós. O autor sinaliza o sentido da vida por meio de metáforas, prosa e imagens poéticas. O leitor, ao se descobrir navegando nas águas de um rio que carrega cantigas açucaradas, em que a Lua e as estrelas boiam à noite, vai se encantando com a conjunção das linguagens verbal e não verbal, e redescobrindo o prazer estético das palavras.
Quando Miguel entrou na escola é um livro ilustrado da autora Ruth Rocha que mais uma vez traz as aventuras do personagem Miguel. Nesta obra, acompanhamos as inquietações e dúvidas de um garoto de três anos que começa a ir à escola. As brincadeiras e o desentendimento com outro garoto maior são algumas das experiências pelas quais Miguel passa e que certamente gerarão identificação e reflexões nos jovens leitores.
Esse livro reúne textos breves – uns em versos, outros em prosa – construídos pelo saboroso humor de Mario Quintana. Para o autor, tudo pode ser motivo para um bom texto – objetos, emoções, sentimentos, pessoas, valores, atitudes, reflexões sobre a vida e, assim, estabelece uma grande sintonia com as crianças.
João Guimarães Rosa, considerado um dos maiores escritores brasileiros, observava os animais para tentar entender melhor o homem e o mundo. Vários de seus contos têm uma marcante presença dos bichos, e Guimarães Rosa, quando viajava, fazia anotações sobre esses seres em seus famosos caderninhos. Esses textos estão espalhados em sua obra e aqui há a reunião de algumas frases ou microcontos, que se transformam em um verdadeiro zoológico, onde o leitor pode passear pelas frases e ilustrações. Merece atenção também o trabalho com a linguagem, tão característico de Guimarães Rosa: há desde aliterações musicais, “Um pinguim: em pé, em paz, em pose”, a neologismos, “Elefantástico” e “oitopatas”. Verdade que há frases mais difíceis, mais elaboradas, mas justamente com o intuito de o leitor estranhar ou nem sempre compreender de imediato e, na releitura, na busca da explicação, começar a encontrar a riqueza de significados possíveis.
De forma singela e em doses precisas, a autora revaloriza a noção de brinquedo, discorre sobre bondade, respeito e amor ao trabalho, à natureza e ao próximo. Por ter sido professora, Cecília emprega com sabedoria sua sensibilidade pedagógica a ponto de permitir que sua obra seja sempre atual, independentemente da época. Obra publicada pela primeira vez em 1924, proporciona aos jovens leitores a alquimia do imaginário, do humor e da fantasia.
A menina Flora, protagonista do livro, observa, contempla, admira, respeita e vivencia zelosamente o ciclo da vida. Surpreende-se diante da força da natureza e da importância da terra para cada novo período de gestação. Esse livro propõe um encontro entre sentimentos e emoções, entre palavras e imagens poéticas, entre imaginação e realidade. O leitor é convidado a desvendar os segredos das coisas mais simples ou a descobrir situações novas.
Lembranças de Aninha é um livro de Cora Coralina composto principalmente por poemas que trazem lembranças de infância da personagem Aninha e retratam elementos corriqueiros, como os gatos, as irmãs, os bolos que os pais serviam para as visitas. Trata-se, assim, de uma obra delicada e afetiva, que envolve o leitor por sua linguagem poética. Além disso, esta edição traz ilustrações de Claudia Furnari, que acrescentam uma interessante camada visual aos textos.
Nau Catarineta é o mais célebre poema marítimo ligado à tradição oral portuguesa e relata a história da viagem da nau portuguesa de Olinda para Lisboa, em 1565. A longa travessia e as desventuras dos tripulantes são impregnadas de brasilidade. As cores vivas e os traços fortes representam o povo brasileiro.
Neste livro, Ana Maria Machado, a consagrada escritora com mais de cem títulos publicados, se rende à poesia e surpreende seu leitor com o lirismo e a sensibilidade das imagens evocadas. Nossos olhos não se cansam de vaguear: “O olhar passeia/ na maré-cheia./ Vai devagar,/ pé ante pé”. Assim, encontramos versos que parecem acordar as palavras, que logo se transformam em mar, pássaro, chuva e, com a magia das rimas e dos jogos linguísticos, nos mistérios do amor e da natureza. Os dez poemas aqui reunidos contam com ilustrações e projeto gráfico de Claudia Furnari, o que torna este livro uma obra de arte para ser lida e contemplada.