
Distopia, do grego antigo dys + topos + ia, significa “lugar ruim ou infeliz”. Um dos subgêneros mais famosos da ficção científica, uma boa história distópica aborda um mundo devastado pela opressão e pelo fascismo, onde a realidade apresentada foi afetada profundamente por um governo tirano, mudanças climáticas irreversíveis ou até mesmo por avanços tecnológicos descontrolados. A jornada, no entanto, fala com as pessoas justamente porque, na sua essência, aborda o aspecto humano da sobrevivência – e como nos adaptamos em momentos complicados.
Entre as milhares de obras na temática que saem todos os dias e os clássicos já consagrados do gênero, um dos maiores especialistas da categoria no Brasil é Ignácio de Loyola Brandão. Com uma visão política e social aguçada, o autor se aventura no gênero ao criar histórias cujo os mundos são dominados pelas características apresentadas anteriormente, mas também se baseiam em uma realidade mais ou menos plausível. É por isso que a obra ainda se mostra completamente relevante, e faz parte de uma série de discussões dentro do escopo que está inserido.

Não Verás, no entanto, não é o primeiro livro de Loyola que aborda um mundo distópico. Zero, por exemplo, mistura relatos da ficção com fragmentos da ditadura militar do Brasil.
Quando foi lançado pela primeira vez, Zero foi censurado pela ditadura. O livro foi publicado pela primeira vez na Itália em 1974 e só em 1975 chegou finalmente ao Brasil, sendo censurado e retirado de circulação logo em seguida.
Já o aspecto humano das obras distópicas, que foi apontado no texto, fica ainda mais presente em Desta terra nada vai sobrar, a não ser o vento que sopra sobre ela, publicado pela primeira vez em 2018, que aborda uma época e um país não identificados. O livro tem uma realidade que é assustadora, mas tem o foco principal na história de amor entre Felipe e Clara, mostrando um mundo que, apesar de estar desgastado e destruído, ainda tem seres humanos que sentem da mesma forma como anteriormente.
