Um clássico da literatura brasileira infanto-juvenil e que experiência ótima tive com a escrita desse autor, com personagens muito divertidos e uma trama muito bem construída, além de levar o leitor por um passeio por São Paulo do final da década de 60.

A obra traz como cenário central os álbuns de figurinhas de jogadores de futebol famosos da época como Pelé, Rivelino, Ivair, Paulo Borges dentre outros e cada uma dessas figurinhas é classificada como fácil ou difícil de encontrar para completar o álbum que tem como prêmio camisetas e bolas de futebol para os ganhadores. Então por aí vocês já imaginam como era a corrida desses jovens para completar logo o álbum e ir à Fábrica de Figurinhas Escanteio retirar os seus prêmios.

Mas Tomé, o idealizador desse projeto e dono da Escanteio, vai começar a ter uma grande dor de cabeça. No centro de São Paulo, cambistas começam a vender réplicas perfeitas de suas figurinhas mais difíceis, o que vai lhe gera um grande prejuízo e dívidas, pois ele não tem como dar prêmios para todos e por isso a estratégia de uma tiragem baixa de algumas figurinhas, que realmente poucos consigam completar o álbum.

Desesperado em meio a tentar uma solução para recuperar o equilíbrio da sua empresa, Tomé pedirá ajuda para Edmundo, um menino que vai entender a situação que Tomé está passando, e se unirá aos seus outros amigos, Pituca e Bolacha, em busca de desvendar onde é o endereço da fábrica que está fazendo as falsificações das figurinhas.

E eles vão viver altas aventuras nessa grande caçada que vai resultar em acabarem descobrindo os talentos até então escondidos de Bolacha, desvendar enigmas e criar boas estratégias de planejamento.

Destaque para algo que achei genial que num certo ponto das investigações, eles tentam tornar toda a situação mais profissional contratando um detetive europeu todo pomposo com o seu selo de invicto de que nunca perdeu um caso como se fosse uma analogia a Sherlock Holmes, o que deixa muito engraçada a disputa que vai acabar surgindo entre ele e Bolacha para saber quem consegue desvendar esse caso mais rápido.

A obra tem um toque bem destacado de humor, principalmente do Edmundo e Pituca com o Bolacha, que acaba sendo uma figura com características únicas, mas um ponto que pode ser incômodo nesse enredo é a presença de algumas palavras com fundo preconceituoso, aqueles tipos de brincadeiras que mais reduzem a pessoa do que gera algum tipo de diversão. Esse foi o único ponto que achei negativo, mas também não sei se tem alguma relação com a época em que a obra foi escrita.

E esse título ganhou uma adaptação para o cinema em 1973 com o nome "Detetive Bolacha Contra o Gênio do Crime" e é daquele tipo de adaptação que o leitor ama por ser bem fiel ao livro, pouca coisa foi mudada. Até as frases são as mesmas da obra e apesar de tudo, traz um formato simples, muito diferente do que se tem no cinema atual e é uma imersão ainda mais profunda na São Paulo dessa época com cenários e cultura diferentes do que se tem hoje.

Essa edição da obra está muito bonita com uma boa diagramação e lindas ilustrações feitas pelo Mauricio Negro. Vale lembrar que esse é o primeiro livro da Turma do Gordo, com várias outras histórias que espero conferir em breve.