Celebrando Bartolomeu Campos de Queirós: um legado de encanto e poesia
Na foto, Bartolomeu Campos de Queirós (no centro), com os amigos Guto (à esquerda) e Mario Cafiero (à direita)
Arquivo pessoal
Em 2024, celebramos os 80 anos do saudoso Bartolomeu Campos de Queirós, um dos mais ilustres autores da literatura infantojuvenil brasileira, que nos deixou em 2012. Com uma vida dedicada às palavras e à educação, Bartô deixou um legado de obras que continuam a inspirar leitores de todas as idades.
Nascido em uma pequena cidade de Minas Gerais, Bartolomeu encontrou na simplicidade do interior e nas paisagens do Brasil a matéria-prima para suas histórias. Sua escrita, marcada por uma prosa poética sensível, reflete um profundo amor pelo mundo e pelas pessoas. As obras de Bartolomeu são publicadas pela Global Editora, e, assim, continua a alcançar novos públicos, perpetuando seu impacto na literatura nacional.
Confira agora uma entrevista exclusiva com Mario Cafiero, amigo pessoal do autor, e ilustrador das obras A árvore, editada em 2018 pela Global Editora, e A Ararinha-azul, também da Global Editora, publicada em 2024. Mario compartilha memórias e reflexões sobre sua amizade e colaboração com Bartolomeu, revelando o carinho e a admiração mútuos que marcaram essa parceria.
Global Editora: Primeiramente, gostaríamos de saber como você entrou no mundo da ilustração. Pode nos contar sobre os seus primeiros trabalhos?
Mario Cafiero: Desde muito cedo gostava de desenhar, meu pai era impressor gráfico e sempre trazia bloquinhos de papel para eu desenhar. Comecei a trabalhar na imprensa aos 15 anos numa editora que publicava a revista Melodias, de música, onde publiquei as minhas primeiras ilustrações. Aprendi a trabalhar com os materiais utilizados na época, como nanquim, bico de pena etc.
Global Editora: Como se deu a sua amizade com o autor Bartolomeu Campos de Queirós? Como vocês se conheceram?
Mario Cafiero: Conheci a obra do Bartolomeu através de outro grande amigo, Luiz Raul Machado, que enviou um texto do Bartolomeu, Pedro. Eu morava neste período em Paris e fiquei encantado com o texto; comecei a ilustrar o livro sem conhecer pessoalmente o autor. Quando regressei ao Brasil, fui a Belo Horizonte mostrar o trabalho e, assim, foi amizade à primeira vista. Foi em 1977. Desde então nos tornamos amigos para sempre.
Global Editora: Você pode nos contar um fato marcante desses quarenta anos de amizade de vocês?
Mario Cafiero: Fizemos parceria em vários livros. Ele me apresentou Minas Gerais, e eu, São Paulo para ele. Toda vez que vinha a São Paulo, se hospedava conosco, e foi ele, um especial gourmet, quem me ensinou a cozinhar. E assim todos os amigos paulistas conheceram as iguarias que ele fazia quando aqui estava.
Global Editora: E como foi ilustrar a obra do seu grande amigo Bartolomeu, A Ararinha-azul?
Mario Cafiero: Ilustrar A Ararinha-azul foi uma surpresa e uma delícia, pois parecia que o Bartolomeu tinha ressuscitado. Juntei todos os recursos de nossa amizade para ilustrar esse livro, que desvenda a palavra SAUDADE!
Global Editora: Para terminar nossa entrevista, nos diga qual é o seu livro favorito do Bartô e por quê.
Mario Cafiero: Difícil dizer de qual livro do Bartô eu mais gosto. Cada livro que fazíamos em parceria era uma preciosidade e tentava fazer das ilustrações a mesma poesia de seus belos textos. Um grande desafio. Todos os livros que ilustrei sempre foram grandes desafios. Coração não toma sol, um dos meus favoritos.
Global Editora: Muito obrigado pela conversa, Mario. Foi uma alegria poder conversar um pouco sobre o nosso querido e eterno Bartô!